DIÁRIO VIRTUAL: de 11 a 13 de julho

Relatos escritos pelos agentes de pastoral: Rafael Rodrigues dos Santos, Leosino Eduardo de Sousa e Talita Cristina Cavicchio.

Há ainda dois depoimentos das alunas Paula Fernanda Bazarin e Jéssica Marques dos Santos

11/07

No período da manhã, o grupo foi divido em duas equipes: a primeira ficou responsável pela conclusão da limpeza do pomar e, a segunda, responsável pela confecção de brinquedos com as coletas feitas no dia anterior.

A confecção dos brinquedos feitos de material reciclável aconteceu dentro da casa salesiana, que cedeu o espaço para que os organizadores acolhessem as crianças. Muitos brinquedos puderam ser confeccionados e as crianças tiveram a oportunidade de aprender como reutilizar o lixo.

No pomar, os universitários se reuniram com os jovens xavantes e receberam a ajuda deles para finalizar a limpeza do local. Antes disso, todos se reuniram em roda e, tanto a Mirella (Coordenadora de Psicologia), quanto a Profª Liara, orientaram os jovens a não colocar fogo na floresta, pois isso destrói a terra e suas árvores. Foi uma integração muito positiva e que rendeu muito no trabalho de limpeza.

Foi servido um almoço comunitário para os jovens xavantes ao término do pomar.

Na parte da tarde, os universitários foram divididos em três equipes, uma responsável por separar as roupas para as doações no dia seguinte; outra responsável pela preparação do Terço Luminoso, e outra pela plantação das mudas frutíferas trazidas de Lins.

A pedido do cacique, foram separados 78 sacos com roupas masculinas e femininas, tanto adulto quanto crianças, e também um cobertor para cada família.

A pedido do Pe. Marcos, as mudas foram plantadas próximas às casas dos xavantes, no qual foi feito o cadastro da família e dado a ela a responsabilidade de cuidar da muda (uma forma de mostrar que a muda entregue pertence àquela família e também para incentivar o povo xavante ao plantio e ao cuidado com o meio ambiente).

Na preparação do Terço Luminoso, os agentes de pastoral orientaram os alunos sobre a decoração do andor de Nossa Senhora Auxiliadora. Para isso, foram separadas as velas e os terços entregues na saída para a procissão.

A Santa Missa foi presidida pelo Pe. Douglas que, no final, direcionou todos os presentes para fora da igreja onde daria início a procissão e o terço. Cada um recebeu uma vela e um terço para acompanhar a procissão. Os alunos iniciaram com as orações e, a cada mistério do terço, era cantada uma música de Nossa Senhora. A procissão deu a volta completa na aldeia até chegar ao centro, onde se encontra uma grande cruz. Na chegada até a cruz, o Pe. Marcos tomou a palavra e partilhou do amor de mãe com os presentes, de como uma mãe é tão importante, tão querida, tão carinhosa e pediu para que sigamos o exemplo de Maria Santíssima.

Foi sensacional ver toda aldeia presente para rezar o terço luminoso. Isso se tornou uma tradição entre Xavantes e Salesianos, pois desde o primeiro ano, vem sendo realizado e é uma celebração em que os próprios xavantes pedem para que aconteça sempre quando viemos em missão. Pe. Douglas deu a benção final e todos se dirigiram para suas casas.

12/07

O dia 12 foi mais tranquilo para os universitários. No período da manhã, eles separaram todas as doações arrecadadas durante o período de preparação para a missão. Após a separação, foram conhecer e dar um passeio no Rio São Marcos. Passaram o período da manhã no rio, aproveitando a natureza, a tranquilidade e a beleza do local.

A tarde foi aberta para as trocas, onde muitos universitários compraram e trocaram seus objetos por objetos indígenas fabricados pelos xavantes: arcos e flechas, colares, bactés (berço que a mãe xavante carrega seu filho).

Também, nesse tempo, alguns alunos que tinham seus trabalhos de TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – para concluir, puderam terminar suas pesquisas. O aluno de Medicina Veterinária, Matheus Spironelli, fez a coleta de sangue dos animais para avaliar o índice de Leishmaniose na aldeia Xavante. Ele explicou aos proprietários sobre a doença e os riscos à saúde.

É o seu segundo ano e, no ano passado, não teve nenhum positivo. Esse ano, foram coletadas 18 amostras, que serão enviadas ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), para exames da doença.

A aluna do curso de Psicologia, Paula Bazarin, está desenvolvendo um trabalho sobre a identidade das mulheres indígenas xavantes. Para isso, foram realizadas as coletas de dados com três mulheres xavantes, por meio de entrevistas, onde a narrativa esclarece as histórias de vidas das mesmas. Histórias essas de sofrimento, luta, determinação, e principalmente, de superação dessas mulheres. Espera-se que as análises das narrativas colaborem para a compreensão da trajetória histórica das mulheres indígenas, seus processos de subjetivação e formação de identidade, e ainda os sentidos e significados atribuídos.

Na missa, o Pe. Marcos elogiou muito os universitários pelo trabalho desenvolvido no pomar. “Que o trabalho desses jovens sirva de inspiração para toda aldeia. Eles vieram com o coração cheio de amor e de vontade, que possamos buscar esse amor nesses jovens e, assim, cuidar de nossa terra, de nossa aldeia”.

Durante a noite, foi feita a revelação do “Anjo Secreto”, uma brincadeira do mesmo formato do “Amigo Secreto”, no qual todos concordaram em revelar nesse dia. Houve a troca de presentes e, após os agradecimentos, apesar de ainda não ter acabado os trabalhos, essa era nossa última noite na casa Salesiana. Foi um momento muito fraterno entre toda equipe. Todos assistiram um vídeo que mostrou uma retrospectiva de semana que vivemos e, após, o Pe. Morales deu sua benção encerrando as atividades do dia.

13/07

No período da manhã, visitamos a aldeia Sagrada Família. Lá, o cacique nos acolheu e nos convidou a jogar contra o time de vôlei masculino e feminino da aldeia. Na partida feminina, nossas meninas perderam de 2 sets a 0 e, na masculina, 2 sets a 1.  Foi um jogo muito acirrado, quase trazendo a vitória para os jovens do UniSALESIANO. Após as partidas foram entregues as medalhas e o troféu para os campeões, também foram feitas oficinas com as crianças e, ao final, foram entregues doações de cestas, brinquedos e bolas para a aldeia.

Na volta, a coordenadora Juliana selecionou alguns alunos para fazer a entrega do restante das doações nas outras aldeias próximas a São Marcos. Além da Sagrada Família, foram entregues as doações nas aldeias Imaculada Conceição, Vila Maria, Jesus, Maria e José. Na aldeia São Marcos, as entregas das doações finalizaram por volta das 14h30.

Os alunos que voltaram para Casa Salesiana ficaram responsáveis pela limpeza e organização do local. Depois, arrumaram suas malas para partida. Terminamos tudo às 15h. Nos reunimos na sala de Pastoral e ali agradecemos a Deus por toda missão, agradecemos também aqueles que nos acolheram na casa: Pe. Marcos, Pe. Douglas e todas as Irmãs que, sem medir esforços, estavam sempre presentes nas atividades e nos ajudando de todas as formas possíveis sempre com um sorriso no rosto, transmitindo o verdadeiro amor salesiano.

DEPOIMENTOS

Paula Fernanda Lucas Bazarin

É minha terceira experiência na Missão Voluntariado que o UniSALESIANO nos ofereceu. É incrível e digo que lá é minha segunda casa. Me sinto muito feliz e grata, pois eu aprendi muito é uma experiência enriquecedora, sempre saio de lá com um aprendizado novo. A gente pode não saber falar a língua xavante, mas a linguagem que predomina universal é o amor mesmo e é com ele que nos comunicamos.

Deus fez muito mais em nossas vidas do que a gente fez por eles. Mas, nas pequenas coisas que fizemos, deixamos marcas naquele lugar.

Jéssica Marques dos Santos

Vivenciar esta missão em São Marcos foi um momento único em minha vida. Em cada olhar de um xavante direcionado a mim, pude encontrar dores, alegrias e histórias de um povo que sabe sua origem, mas, infelizmente, não sabe como será seu futuro. Futuro este incerto devido a conflitos culturais e uma evolução tecnológica que se choca com uma cultura milenar indígena que tenta continuar intacta diante das modificações do mundo. Aprendi que cada povo merece seu respeito e, principalmente, devemos respeitar os seus direitos. Independentemente de qualquer cultura ou povo, devemos priorizar a vida como principal objetivo. Obrigado Família Salesiana.

PALAVRA DO REITOR PE. LUIGI FAVERO

O “Voluntariado Missionário” tem como tarefa formar pessoas boas, de capacidade e que transformem a realidade. Mas não é somente isso. Tem a intenção de formar pessoas com valores e ajudar os nossos universitários a terem uma boa personalidade, boa espiritualidade, além de uma sensibilidade social, com capacidade de incluir todo mundo.

Já o terceiro ano consecutivo que a universidade investe, também dinheiro, para que os jovens possam ter essa experiência humana e espiritual, uma experiência de fraternidade.

A universidade promove e investe porque acreditamos que a formação da personalidade que somente os próprios universitários podem fazer é de ser ajudada e apoiada através de toda estrutura, de todos os recursos humanos da nossa universidade.