Um estudo feito por médicos e professores do Curso de Medicina do UniSALESIANO, intitulado “Encefalopatia responsiva à tiamina em pacientes graves com Covid-19” foi publicado, recentemente, em duas revistas científicas dos Estados Unidos: “Frontiers in Neurology” e “Brain, Behavior and Immunity – Health”.

O trabalho começou a ser desenvolvido no começo deste ano, com a aplicação intravenosa de tiamina em pacientes diagnosticados com a Covid-19 e internados em estado grave no Hospital Unimed de Araçatuba.

A ideia de iniciar esse tratamento se deu por conta do desenvolvimento em alguns pacientes de sintomas característicos da doença chamada encefalopatia de Wernicke, que é um distúrbio cerebral que provoca confusão mental, alterações da musculatura da visão e perda de equilíbrio; resultado de uma possível deficiência de tiamina.

“O neurologista Dr. Marcus Vinicius me chamou para discutirmos esses casos e começamos a desconfiar que esses quadros estavam ocorrendo por uma possível deficiência da vitamina B1. Então, além do tratamento da Covid-19, passamos a fazer a reposição da tiamina e notamos melhoras na parte neurológica desses pacientes  internados em estado grave acometidos pela Covid”, explicou o médico Sérgio Irikura, docente de Medicina do UniSALESIANO e também um dos responsáveis por conduzir o estudo.

Após identificar os resultados benéficos do trabalho realizado, inicialmente com três pacientes, o grupo decidiu publicar em periódicos internacionais indexados e renomados a fim de serem analisados por profissionais da área, visto que ficaria disponível para leitura e possível replicação por outros profissionais nos hospitais do mundo.

“O primeiro artigo foi publicado há três meses, na Frontiers in Neurology e foi bem aceito. Depois, o segundo, realizado com outros 15 pacientes, foi publicado no dia 31 de março, na Brain, Behavior and Immunity – Health”, contou Irikura.

MELHORA SIGNIFICATIVA

No segundo trabalho, que envolveu o tratamento de 15 pacientes com Covid-19 e diagnosticados também com encefalopatia e outros achados neurológicos, 73% deles apresentaram melhora significativa das manifestações neurológicas entre dois e cinco dias após a reposição intravenosa de tiamina. Do total, duas pessoas morreram devido à descompensação do quadro clínico e comorbidades.

“Vamos continuar os estudos, que são promissores e podem se tornar exemplos de tratamento em outros locais. Após as publicações nas revistas, soubemos que um médico, que também trabalha em UTI Covid em um Hospital de São Paulo, de reconhecimento nacional e internacional, começou a fazer o mesmo tratamento com os pacientes dele, nas mesmas condições, e notou melhoras também”, comentou Irikura.

Além dos doutores Marcus Vinicius Branco de Oliveira e Sérgio Irikura, integram o grupo de trabalho e pesquisa os profissionais: Daniel Galera Bernabé, Fabiani Honorato de Barros Lourenço, Monica Shinsato, Tereza Cristina Duarte Batista Irikura, Rodrigo Batista Irikura, Tales Vieira Cavalcanti Albuquerque, Vilma Neri Shinsato, Vinicius Nakad Orsatti, Antônio Mendes Fontanelli, Danyelle Amélia Grecco Samegima, e Marcus Vinícius Magno Gonçalves.

Integram o quadro de docentes do Curso de Medicina do UniSALESIANO os profissionais: Sérgio Irikura, Fabiani Honorato de Barros Lourenço, Vilma Neri Shinsato e Vinicius Nakad Orsatti. Este último, Nakad afirma que é o sonho de todo médico conseguir publicar um artigo em uma revista indexada, de um estudo randomizado, duplo cego, internacional, com todo o rigor acadêmico, ainda mais em meio a uma pandemia. No caso desses dois artigos científicos,  categorizados como publicação de relato de casos, também possuem enorme e criteriosa análise prévia de outros pesquisadores  antes de sua publicação, mostrando toda a qualidade e importância da pesquisa proposta.

“Foi um esforço de uma equipe toda, foi fantástico, tirando a ideia do trabalho, que foi mais fantástica ainda, é muito gostoso poder participar de um processo desse, ainda mais com amigos, e poder contribuir um pouco com a ciência, não só na parte assistencial, mas na parte acadêmica que, aliás, é nossa função no UniSALESIANO”, comentou Nakad, ao destacar a empolgação entre todos e a oportunidade de poder mostrar aos alunos que seus professores, mesmo durante uma pandemia, em Araçatuba, conseguiram publicar em revistas internacionais.

O Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão do UniSALESIANO, Prof. André Ornellas, exalta a importância das parcerias entre as instituições, que possibilitam ampliar o saber e proporcionar o bem à sociedade. “A Faculdade de Medicina mostra o seu valor quando seus profissionais, pares comuns, atuam com o mesmo objetivo, o de produzir conhecimento pra salvar vidas”, completou.

Por sua vez, o Diretor do UniSALESIANO, Pe. Erondi Tamandaré, analisa que a ciência não é feita de suposições e também não é imediatista; esta última, considerada uma característica do tempo moderno. Pelo contrário, Pe. Erondi ressalta que, para se chegar a uma comprovação positiva ou negativa das hipóteses levantadas, é necessária muita observação. “O trabalho acima requereu um estudo observado e paciente, realizado por profissionais comprometidos com seus trabalhos. É o que a Instituição, que prima por uma excelência em educação, espera de todos os seus colaboradores, que sejam envolvidos e comprometidos com o campo do saber”, concluiu o Diretor.