A 6ª edição do projeto “VAMS” (Voluntariado Acadêmico Missionário Salesiano) reuniu 50 participantes, o maior número registrado em todas as edições, consolidando uma participação significativa de acadêmicos, docentes, coordenadores e agentes de pastoral do UniSALESIANO. O grupo saiu de Araçatuba, com destino ao Mato Grosso, na noite de 27 de junho, e retornou na manhã de 8 de julho. Nesse período, visitaram as aldeias indígenas de Meruri (povo Bororo) e São Marcos (povo Xavante).

Os cursos universitários desempenharam papéis essenciais nas atividades realizadas. Acadêmicos de Educação Física fizeram um levantamento do nível de atividade física e sedentarismo nas aldeias, enquanto alunos de Biomedicina obtiveram informações referentes ao acesso a exames laboratoriais relacionados a “Infecções Parasitárias do Trato Gastrointestinal” e informações referentes a estes sinais.

Já os alunos do Curso de Direito fizeram uma investigação detalhada referente à habilitação para o casamento e os efeitos matrimoniais: análise dos conceitos, tradições e requisitos culturais que moldam as práticas matrimoniais, com ênfase nas suas implicações legais e sociais.

Por sua vez, os acadêmicos de Enfermagem colheram informações sobre o esquema vacinal das crianças indígenas de zero a nove anos, conforme registros realizados pela Unidade Básica de Saúde e o funcionamento da sala de vacina. Já a Fisioterapia, por meio de seus alunos, realizou a análise dos indivíduos deficientes físicos, com coleta de dados (relatório), idade, sexo, comprometimento motor, e auxílio de locomoção (cadeira de rodas, muletas, bengalas e andador).

Em relação ao Curso de Nutrição, os acadêmicos coletaram dados de massa corporal (kg) e estatura (m) para classificar o estado nutricional por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), assim como os alunos de Psicologia coletaram dados psicológicos através de oficinas lúdicas para análise de comportamento.

Já os alunos de Publicidade e Propaganda fizeram um mapeamento sobre hábitos de mídia a partir da análise da interação com os meios de comunicação tradicionais, assim como também com a internet, principalmente, o acesso ao conteúdo de redes sociais, com o objetivo de identificar em que medida os influenciam no contexto escolar.

Por fim, acadêmicos de Medicina se dividiram em três grupos para concretizar os seguintes projetos: Mapeamento do perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na aldeia; grau de escolaridade e atividades de lazer; Identificação dos hábitos alimentares; convívio ou não com animais e o uso ou não de tabaco; e Análise dos instrumentos de avaliação utilizados pela equipe de saúde; quais profissionais que atendem regularmente; fluxo de atendimento de saúde e uso rotineiro de medicamentos.

De acordo com o Pró-Reitor de Pastoral, Pe. Paulo Jácomo, SDB, que faz parte da Comissão Organizadora do VAMS, essas atividades são vistas como materiais de cunho antropológico, com a expectativa de que a inserção da universidade impulsione a produção de material acadêmico.

“A maior parte dos dados anteriormente foi coletada pelos salesianos, mas agora a universidade está assumindo um papel crucial no desenvolvimento e expansão desse trabalho”. Ele contou que as comunidades atendidas se mostraram abertas aos projetos, participando ativamente de diversas atividades. O envolvimento crescente foi observado ao longo do tempo, culminando, este ano, em uma maior integração. “Na quermesse de encerramento, por exemplo, houve apresentações culturais que simbolizaram uma conquista de proximidade e familiaridade entre os voluntários e as comunidades”, disse.

APROFUNDAMENTO

Segundo Pe. Paulo, esses dados serão utilizados pelos voluntários nos próximos anos, contribuindo para a continuidade e aprofundamento das ações acadêmicas e comunitárias. “A integração e familiaridade construídas ao longo do tempo refletem um avanço significativo, consolidando o VAMS como um exemplo de como a educação pode se traduzir em ações concretas de impacto social”, ressaltou. Essa interação foi registrada em imagens e vídeos pelo profissional de Comunicação e Marketing do UniSALESIANO, Júnio Aquino, que integrou a expedição.

O Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação do UniSALESIANO, Prof. André Ornellas, destacou a importância dessa experiência para a formação integral dos acadêmicos. “O VAMS promove um crescimento pessoal e profissional significativo para nossos alunos e as atividades realizadas nas comunidades indígenas geram dados valiosos, contribuindo para o avanço acadêmico e social,” afirmou.

Por fim, o Reitor do UniSALESIANO, Pe. PauloFernando Vendrame, SDB, relatou que o VAMS é um projeto transformador, seja para os participantes da Universidade, seja para os indígenas que receberam a Missão. “Fico feliz que os aspectos Acadêmico e Salesiano caminham juntos nesta ação voluntária”, destacou.

 

Confira abaixo depoimentos de alguns participantes do VAMS:

 

Paulo Eduardo Leite – Medicina

“Minha participação no projeto VAMS foi uma experiência profundamente marcante e transformadora. Foram 10 dias de momentos incríveis e indescritíveis, convivendo com as comunidades indígenas de Meruri e São Marcos. O mais importante foi que, em nosso dia a dia, sempre sentimos a presença de Deus e Nossa Senhora Auxiliadora, seja no sorriso de uma criança ou nas missas durante a manhã ou à noite. Voltei dessa missão com a fé renovada e uma vontade ainda maior de ajudar as crianças da comunidade. A experiência me proporcionou um novo olhar para as coisas simples da vida. Na missão, voltei a ser criança, e isso me fez retornar uma pessoa diferente, carregada de novas experiências e vivências. Foi incrível ter contato com outras culturas. Vale muito a pena vivenciar essa oportunidade que a Pastoral do UniSALESIANO oferece aos alunos.”

 

Luis Henrique Bernardes Panza – Educação Física

“Além de voltar com o coração apertado por ter que ir embora, sinto que essa experiência no VAMS mudou profundamente a forma como eu vejo minha própria vida cotidiana. Passar 10 dias nas aldeias, vivenciando tudo de forma intensa – desde as brincadeiras até ter duas crianças no colo ao mesmo tempo – nos deixa com uma espécie de bateria reserva, por assim dizer. Para mim, essa experiência me deu mais paciência e um novo olhar sobre as coisas simples da vida. Foi uma transformação profunda, e sou imensamente grato por ter tido a oportunidade de fazer parte desse projeto.”

 

André Jokura – Docente do Curso de Educação Física

“Foi uma experiência extraordinária em diversas dimensões – social, cultural, acadêmica, espiritual e humana. Socialmente, foi gratificante levar ajuda por meio de alimentos, roupas e cobertores arrecadados pelos alunos do Colégio Salesiano ‘Dom Luiz Lasagna’ e pelos acadêmicos do UniSALESIANO. Culturalmente, foi fascinante aprender como os povos Boe-Bororos e Xavantes mantêm suas ancestralidades enquanto enfrentam intervenções externas. Academicamente, o projeto integrou atividades do oratório festivo com a coleta de informações na aldeia São Marcos, abrindo caminho para futuras pesquisas científicas e uma troca de conhecimentos enriquecedora entre Xavantes e alunos. Espiritualmente, sentir a força e a presença de Deus e dos Salesianos foi reconfortante. Os momentos de missas e orações renovaram nossos corações diante das adversidades. Humanamente, conviver com os Boe-Bororos e Xavantes me ensinou a despir-me de pré-conceitos e a praticar o atendimento humanizado. Foi uma experiência transformadora. Essa experiência foi uma jornada de crescimento pessoal e profissional que levarei para toda a vida.”

 

Victor Teodoro Goulart Junqueira – Enfermagem

“Durante a missão, tive a oportunidade de ressignificar a mim mesmo e dar um novo sentido à minha vida, aos meus valores e ao meu cuidado. Abandonei antigos padrões, sejam morais, ideológicos, ou estabelecidos pela tradição e pelas experiências pessoais e grupais. Sacrifiquei minhas vontades, necessidades e confortos em prol da missão, que revelou seu verdadeiro valor na capacidade de colocar o bem-estar dos outros acima dos próprios desejos.

Associo o ato cultural de cortar o cabelo dos indígenas à minha própria transformação. Para mim, cortar o cabelo simbolizou um renascer, um novo eu e uma nova fase. Isso significou deixar para trás o que foi ruim e levar comigo apenas o que foi bom e feliz.

Uma das cenas que mais impactou meu coração foi a visita a uma casa indígena onde um ente querido havia falecido. Lá, a tradição é raspar a cabeça em luto, e o cabelo curto indica quem está passando por esse processo. Durante a visita com o padre, conversamos com uma mulher enlutada, que descreveu seu estado com uma única palavra: ‘triste’. O modo como ela expressou sua tristeza e a energia que transmitia tocaram profundamente meu coração, levando-me a refletir intensamente sobre morte e vida.”