A vida pode ser muito mais simples do que esperávamos. A certeza de um sorriso puro, um olhar profundo e uma mão acolhedora me leva a contemplar Deus, tão pequeno e ao mesmo tempo tão grande. Divino, mas profundamente humano”. Essas palavras ditas pelo Pe. Ademir Oliveira, pró-reitor da Pastoral Universitária, definem os dez dias vividos por ele e por um grupo de aproximadamente 20 alunos do UniSALESIANO de Araçatuba e Lins na aldeia de São Marcos, no Mato Grosso.

O grupo partiu no dia 2 de julho para cumprir ações do projeto “Voluntariado Missionário”, que tem por objetivo vivenciar a rotina dos indígenas e detectar suas necessidades para implantar melhorias nos próximos anos.

A primeira parada foi na aldeia de Meruri, onde vivem índios da etnia Bororo, a cerca de 450 quilômetros de Cuiabá (MT).

Pe. Ademir conta que esses índios foram os primeiros a terem contato com os salesianos. “Tivemos a oportunidade de subir o morro para termos uma visão de toda a aldeia. Também foi feita uma celebração muito significativa como início da nossa missão, com a entrega da cruz para os jovens. Conhecemos um museu, que fica no meio do pátio do colégio deles”, disse.

Ainda na aldeia de Meruri, a turma visitou o cemitério onde estão enterrados os corpos do padre Rodolfo Lunkenbein e do índio Simão Cristino Koge Kudugodu, que foram assassinados por fazendeiros por causa da luta pela demarcação da reserva de Meruri, em 1976.

No dia seguinte, a expedição partiu para aldeia de São Marcos, onde permaneceu até o dia 12 de julho. Durante esse período, os alunos puderam vivenciar a rotina dos xavantes, que vivem prioritariamente do buriti, uma palmeira com cerca de 30 metros de altura, que oferece à tribo seus frutos e folhas. Há ainda a corrida do buriti, muito tradicional entre os índios, que carregam toras de mais de 100 quilos.

“Buriti é a vida deles. Identificamos a necessidade de ajuda para o replantio da palmeira, que está ficando cada vez mais escassa. Eles nos pediram essa ajuda e está nos nossos planos levar alunos do curso de Engenharia Agronômica para auxiliá-los no replantio”, comentou o padre, ao lembrar também da contribuição que deverá ser feita nas áreas da saúde e educação.

“São áreas bem precárias. Eles precisam de uma triagem básica para detectar as doenças. Isso pode ser feito por nossos alunos dos cursos da saúde. Também precisam de uma didática na escola, com metodologias e materiais que auxiliem o trabalho dos professores indígenas. ”

Todos os apontamentos detectados pela turma do UniSALESIANO serão elaborados para que novos cronogramas de viagem à aldeia de São Marcos sejam concretizados. “A ideia é que também não percamos o principal objetivo da missão, que é levar momentos de lazer, de integração, brincadeiras, um entrosamento com a cultura”, completou padre Ademir.

O aluno do 1º termo do curso de Publicidade e Propaganda do UniSALESIANO de Araçatuba, Gabriel Tinem, de 21 anos, foi responsável pela captação das imagens da viagem. O acadêmico disse que, antes de chegar à aldeia, achou que fosse fotografar momentos de tristeza e sofrimento, pelo fato de os índios serem desprovidos de bens materiais. “Mas não. São totalmente felizes com o pouco que têm. Só vi índio sorrindo, crianças brincando a toda hora”, definiu.

COMPANHEIRISMO

Para a aluna do 4º termo de Medicina Veterinária do UniSALESIANO de Araçatuba, Ana Clara Alves Martins, 19, a vivência com os xavantes lhe trouxe um grande aprendizado. “O que vi foi companheirismo, afabilidade, gratidão e maturidade para se relacionar com culturas diferentes. Hoje, meu pensamento sobre os indígenas é que são pessoas guerreiras, que não têm medo de levar a sua cultura para outras pessoas e que não querem perder tudo aquilo que seus ancestrais lutaram para conquistar”, definiu.

Já a educadora de Pastoral, pedagoga e acadêmica do 1º ano de Psicologia do UniSALESIANO de Lins, Tatiana Goduto Nobre, 22, define sua experiência como transformadora. Desde a acolhida na Casa Salesiana até a abertura e participação das atividades na comunidade xavante, Tatiana afirma que pode sentir momentos únicos, que mudaram sua forma de olhar o mundo e entender o outro. “É uma cultura linda, forte e encantadora”, concluiu.