O oncologista e Coordenador do Curso de Medicina do UniSALESIANO de Araçatuba, Dr. Antônio Henrique Poletto, escreveu um artigo em que relaciona o câncer e a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Poletto aborda em seu artigo o tratamento do câncer em tempos de pandemia. “Muitos pacientes oncológicos estão se prejudicando. Param o tratamento por medo”, explicou.

Confira abaixo o artigo escrito por Poletto:

 

Câncer e SARS Cov-2, qual melhor caminho?

 

O medo de contrair o SARS Cov-2 afastou milhares de pacientes das consultas médicas e, consequentemente, dos exames de rastreamento, diagnóstico e até mesmo do tratamento oncológico. Do ponto de vista de resultados, este afastamento pode ter consequências impactantes na sobrevida dos pacientes oncológicos.

Cânceres não são iguais, formam um conjunto de doenças com prognósticos diferentes, dependendo de muitas variáveis, mas, sem dúvida nenhuma, o momento do diagnóstico e do tratamento são fundamentais para o sucesso dos resultados. Quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento, melhor o prognóstico e maiores são as chances de cura.

Nos EUA, já se evidenciou a diminuição no número de casos novos de câncer nos últimos meses. Não há uma razão biológica para este fato, sendo evidente que estes casos, simplesmente, não foram diagnosticados e o serão tardiamente, em estágios mais avançados da doença, implicando em piores resultados oncológicos. Estudos preliminares estimam um aumento na mortalidade por câncer nos próximos 10 anos, e ainda não se avaliou o impacto não letal causado pela necessidade de cirurgias maiores, mais quimioterapia e mais radioterapia necessárias para o tratamento de doenças mais avançadas.

Sendo assim, qual o melhor caminho para os pacientes oncológicos? Podemos dividir em, pelo menos, três situações distintas:

1- Pacientes em tratamento oncológico: devem seguir em frente e flexibilizar o mínimo possível seu planejamento, seguindo os protocolos de segurança estabelecidos.

2- Pacientes com fortes suspeitas clínicas de câncer e necessidade de diagnóstico por meio de exames complementares que causem insegurança e risco de contaminação pelo SARS Cov-2. A decisão deve ser individualizada e consensual entre médico e paciente.

3- Pacientes com sinais ou sintomas suspeitos, como: ferimentos na pele que não cicatrizam; “pinta” preta ou castanha antiga ou nova que esta se modificando, mudando de cor ou de tamanho; nódulos na mama ou em qualquer parte do corpo; perda de peso inexplicada, perda de apetite ou dificuldade em engolir; tosse ou rouquidão persistente; aumento do volume abdominal, mudanças do hábito intestinal; dor persistente inexplicada; qualquer tipo de sangramento, urinário, vaginal ou anal; anemia inexplicada.

Nestes casos, os pacientes devem procurar consulta médica imediata para investigação e esclarecimento dos sintomas, seguindo os protocolos de segurança estabelecidos para o SARS Cov-2.