Os indígenas do Brasil carregam em sua história muitos episódios de lutas e sacrifícios. Esse enfrentamento marcou toda a comunidade indígena, assim como os mais jovens, que se sentem encorajados a enfrentar os desafios da vida por conta da trajetória de seus familiares.

Um desses exemplos é o indígena Júnior Tserewi, de 24 anos. O mais velho de 13 irmãos, que vivem na aldeia Xavante “Teihidzatsé”, perto de Campinápolis (MT), encarou um grande desafio para poder realizar um sonho: ser enfermeiro. Júnior saiu de sua aldeia, há quase dois anos, para cursar Enfermagem no UniSALESIANO de Araçatuba.

“Sei que esse curso não é fácil para mim, as coisas são difíceis, mas eu tenho coragem e quero vencer um dia”, explicou Júnior, ao agradecer os amigos de Curso e seus professores pelo apoio que sempre recebeu. “Eu gosto também de estar dentro do UniSALESIANO.”

Ele contou que concluiu o Ensino Médio e voltou para a aldeia para atuar como professor indígena. E lá, tiveram episódios em que precisou acompanhar as pessoas da comunidade que estavam doentes até as unidades de saúde da região. “Me veio o desejo de estudar Enfermagem. Foi quando conheci o padre Paulo, da Paróquia de Bilac, que me ajudou”, explicou.

O próximo passo que Júnior pretende dar é se formar e retornar para a aldeia, para sua família. “Pretendo voltar para a comunidade Xavante e ajudar meu povo. Como jovem liderança, filho de cacique, tenho orgulho de ser indígena Xavante”, concluiu.

 

Paróquia de Bilac acolhe jovens indígenas após seus membros conhecerem realidade da aldeia Xavante

 

Os jovens Júnior Tserewi e Alécio Tseredzamimiró, da aldeia Xavante “Teihidzatsé”, foram acolhidos, há quase dois anos, pelos membros da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Bilac, da Diocese de Araçatuba-SP. A ligação entre eles se deu após uma visita inicial do Padre Paulo Roberto Lupifieri para a cidade de Campinápolis, no Mato Grosso.

Padre Paulo conheceu o trabalho dos Salesianos nas comunidades indígenas do Mato Grosso através do Salesiano Diácono José Alves, que atua na Paróquia Pessoal São Domingos Sávio, de Nova Xavantina (MT),  promovendo um trabalho com diversas aldeias de diferentes dioceses do Estado.

“O Salesiano Diácono José Alves me foi apresentado pela irmã Cecília Galhardo, da Congregação Claretiana, de Nova Xavantina. Ele foi me explicando como são realizadas as atividades com os indígenas, há muitos anos, e fiquei interessado em conhecer. Então, fui para as aldeias de Campinápolis”, lembrou.

A história de dedicação dos salesianos com os indígenas é bem antiga. Essa missão nunca parou e é realizada por diversas Comunidades Salesianas, incluindo o UniSALESIANO, que promove o projeto “Voluntariado Missionário”, nas aldeias de Meruri (povo Boe Bororo) e São Marcos (povo Xavante), no Mato Grosso.

Ainda assim, os indígenas necessitam, sempre, de apoio e novas iniciativas para continuar vivendo dentro de suas culturas. E Padre Paulo é uma dessas pessoas que, com ajuda da Paróquia de Bilac, decidiu trazer para o Estado de São Paulo os jovens indígenas que manifestaram a ele a vontade de estudar o Ensino Superior.

“Um deles, o Júnior, contou que queria estudar Enfermagem. Então, colocamos esse assunto em pauta, no Conselho da Paróquia, que aprovou o auxílio de uma bolsa para cursar Enfermagem no UniSALESIANO, de Araçatuba”, explicou.

Além de Júnior, Padre Paulo trouxe também para morar em Bilac o jovem Alécio, que está terminando o Ensino Médio, e pretende cursar Direito no UniSALESIANO. Para ele, o trabalho que a comunidade de Bilac tem feito com os indígenas Xavante é motivo de crescimento para todos.

“Essa experiência tem sido muito importante, não só para mim, mas para toda a nossa comunidade paroquial, que está crescendo com isso. A presença desses dois jovens Xavante aqui tem enriquecido muito a paróquia, trouxe novos ares. Agradeço muito a Deus porque eu sempre tive esse desejo de me aproximar mais da realidade dos povos indígenas”, ressaltou Padre Paulo.

Ele disse também que procura manter a ligação entre os jovens e suas famílias com as viagens que faz com eles, para as aldeias, no período de férias escolares.