A integração entre as disciplinas de Urbanismo e Projeto Arquitetônico Interdisciplinar VI marcou o segundo bimestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UniSALESIANO, com uma proposta pedagógica inovadora que estimulou a leitura sensível da cidade e a criatividade projetual dos acadêmicos.

A disciplina de Urbanismo, ministrada pela docente Ananda Soares, foi desenvolvida em articulação direta com a disciplina de Projeto VI, conduzida pelo Prof. Márcio Fontão. A partir da proposição de três terrenos localizados na região central da cidade, os alunos foram desafiados a desenvolver projetos arquitetônicos tendo como eixo conceitual o tema Arte e Cidade (Articidade).

Dentro dessa temática, a turma teve liberdade para definir o programa arquitetônico, resultando em uma diversidade de propostas, como ateliês comunitários, escolas de dança, museus de arte, museus interativos e espaços culturais híbridos, todos pensados como dispositivos de ativação urbana e cultural.

No primeiro bimestre, os alunos realizaram o diagnóstico urbano tradicional, etapa fundamental das disciplinas de urbanismo. Foram elaborados mapas de uso e ocupação do solo, gabarito, zoneamento, sistema viário, fluxos, insolação, ventilação e recursos urbanos, compondo uma análise técnica detalhada do entorno dos terrenos escolhidos. Esse levantamento serviu de base para a compreensão das problemáticas e potencialidades urbanas que impactariam diretamente o partido arquitetônico.

Já no segundo bimestre, a disciplina avançou para uma abordagem autoral e experimental. Ananda propôs um método próprio de leitura urbana, estruturado em cinco passos, com o objetivo de incentivar os alunos a irem além da análise técnica e explorarem o urbanismo como ferramenta criativa e conceitual aplicada ao projeto arquitetônico.

O primeiro passo consistiu na criação da ideia-força, uma frase-conceito curta, crítica e expressiva, capaz de sintetizar as problemáticas e potencialidades identificadas no diagnóstico urbano e orientar o partido arquitetônico. Frases como “Onde o vazio urbano denuncia carência, o ateliê propõe presença cultural e pertencimento” exemplificam esse exercício de síntese conceitual.

ESTRATÉGIAS

Na sequência, os acadêmicos desenvolveram mapas mentais e nuvens de palavras e imagens, utilizando verbos de ação projetual — como conectar, ativar, integrar e ressignificar — e explorando contrastes urbanos, como cheios e vazios, movimento e pausa, visível e invisível. Essa etapa permitiu a construção de referências aplicáveis tanto ao desenho arquitetônico quanto às estratégias de intervenção urbana.

Outro momento importante foi o autoquestionamento, no qual os alunos formularam e responderam perguntas críticas sobre seus próprios projetos, avaliando se as propostas dialogavam, de fato, com as demandas sociais, culturais e espaciais do território. Em seguida, foram elaborados mapas-síntese, que compilaram visualmente as análises, problemáticas, potencialidades e diretrizes projetuais, já apontando soluções arquitetônicas e urbanas integradas.

O processo foi concluído com a produção de um mini-texto explicativo, no qual os participantes justificaram a ideia-força e explicitaram como o diagnóstico urbano orientou as decisões projetuais.

Segundo a docente, um dos diferenciais do método é justamente o fato de que os passos não são sequenciais nem engessados, permitindo que cada aluno ou grupo inicie o processo pela etapa que fizer mais sentido ao seu raciocínio criativo. “É um exercício livre, que estimula a autonomia, a criatividade e uma leitura mais profunda do urbano”, destacou.

A experiência resultou em projetos altamente criativos e sensíveis ao contexto urbano, evidenciando como o diagnóstico do entorno pode ser um potente gerador de conceitos arquitetônicos, especialmente quando articulado a temas como arte, cultura e pertencimento. Além disso, a integração entre as disciplinas permitiu que os alunos aplicassem imediatamente os estudos urbanísticos no desenvolvimento de seus projetos arquitetônicos, fortalecendo a interdisciplinaridade e a qualidade do processo formativo.

POSITIVO

Para a professora, a iniciativa marca também a primeira aplicação desse método em sala de aula, com resultados extremamente positivos. “Os alunos conseguiram explorar muito mais a criatividade e qualificar o exercício projetual a partir de uma leitura urbana crítica e sensível”, frisou.

Para o Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UniSALESIANO, Prof. Giuliano Pincerato, a proposta reforça a importância da articulação entre teoria e prática na formação acadêmica. “Essa prática efetiva que os professores propõem aos alunos, ao integrar os conteúdos desenvolvidos em sala de aula com experiências aplicadas e exercícios práticos, contribui diretamente para o aprofundamento do conhecimento e para a evolução do graduando”, disse, ao completar que se trata de um processo que prepara o acadêmico de forma mais consistente para o mercado de trabalho, ampliando sua capacidade crítica, criativa e técnica.