Como o estresse pode transformar células saudáveis em cancerígenas? A partir desse questionamento, as alunas do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Araçatuba, Maria Lúcia Parizatti Capriste e Nathália Duarte de Moraes, que se formaram no ano passado, resolveram mergulhar na literatura para buscar essa resposta e desenvolver o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
Para isso, contaram com a ajuda da Profª. Vivian Aline Preto, que está fazendo seu doutorado na USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto e é especialista em estresse.
A partir do trabalho voltado à leitura de artigos, livros e revistas dos principais autores que focam neste assunto, elas entenderam que o estresse chega a um determinado ponto que esgota o organismo a ponto de o ser humano não ter mais condições de lutar contra ele, podendo resultar assim na transformação das células sadias em células cancerígenas. “O estresse vai atacar o sistema nervoso, endócrino e imunológico. Isso altera funções celulares, causando imunodepressão no organismo, abrindo oportunidade para o aparecimento do câncer”, explicou Nathália.
Já Maria Lúcia, que hoje trabalha em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Birigui, lembrou que o estresse pode ocasionar a neoplasia maligna, mas o corpo pode trabalhar para combatê-lo antes que adoeça. “Diferente de adquirir o câncer pela genética ou pelos hábitos rotineiros, como beber e fumar”, citou. Ainda destacou que estudos apontam que o estresse leva ao aumento do consumo de álcool e tabaco, o que mostra que indiretamente esteja contribuindo para o aparecimento do câncer.
Por sua vez, a professora Vivian frisou que o estresse tem quatro fases: alarme, resistência, quase exaustão e exaustão. “O alarme é quando você se depara com uma onça e, automaticamente, seu organismo dá uma resposta, principalmente com liberação de adrenalina. Quando o estresse acaba se tornando crônico, entre na fase da resistência, que é quando o corpo começa a manifestar sintomas e buscar recursos para o enfrentamento do estresse”, disse.
Vivian alerta que o hormônio cortisol é essencial ao corpo humano, mas em excesso causa malefícios ao organismo, como irritabilidade, insônia, agitação. “Se não conseguir sair desse estresse, entra nas fases de quase exaustão e exaustão, que é quando o organismo não tem mais recursos para lutar contra o estresse, podendo causar câncer, entre outras doenças como depressão, hipertensão, doenças infecciosas e gastrointestinais”, completou.
Após os estudos, as participantes elaboraram o artigo “Reflexões sobre a Influência do Estresse Crônico na Transformação de Células Saudáveis em Células Cancerígenas”. O trabalho, que recebeu nota 10 na apresentação do UniSALESIANO, foi publicado recentemente na revista Reuol, periódico online da Universidade Federal de Pernambuco. Essa é a sétima publicação do curso de Enfermagem da instituição.
“Essa revista tem um qualis muito conceituado e é muito importante para nós essa publicação, pois os nomes dos envolvidos é visto nacional e internacionalmente”, comentou Vivian, ao ressaltar que agrega valores para os currículos das alunas.
Para o UniSALESIANO, uma instituição incentivadora de pesquisas, publicações em revistas é um dos critérios de avaliações do MEC (Ministério da Educação). “Se o índice de produção bibliográfica é alto, isso significa que a universidade realmente incentiva a pesquisa”, afirmou Vivian, ao destacar o apoio recebido pela instituição por parte de direção e coordenação para o desenvolvimento de projetos.