Os salesianos da Missão Salesiana de Mato Grosso – MSMT participaram da abertura da exposição “Manoel de Barros Vive”, no bloco administrativo da Universidade Católica Dom Bosco, que fica na capital sul mato-grossense, com a presença do inspetor e também chanceler da UCDB e do UniSALESIANO, Pe. Ricardo Carlos, e respectivamente, dos reitores, Pe. José Marinoni e Pe. Paulo Vendrame, na sexta-feira, 12 de novembro.

A coletânea foi feita pelo ex-inspetor da MSMT, doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada, e membro da Academia Sul-mato-grossense de Letras, Padre Afonso de Castro. Ao longo de muitos anos, o salesiano guardou recortes de jornais e revistas, edições de livros, dissertações e um arquivo pessoal que tratam da obra do poeta. A exposição teve a curadoria do professor Roberto Figueiredo, da Área de Cultura e Arte da UCDB, ligada à Pró-Reitoria de Pastoral e Assuntos Comunitários.

Na foto: Pe. Marcelo Fujimura, Pe. Paulo Vendrame, Pe. Ricardo Carlos e Pe. José Marinoni.

Um dos poemas de Manoel de Barros lidos na ocasião foi:

 

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.

Gostei mais de um menino

que carregava água na peneira.

 

A mãe disse que carregar água na peneira

era o mesmo que roubar um vento e

sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

 

A mãe disse que era o mesmo

que catar espinhos na água.

O mesmo que criar peixes no bolso.

 

O menino era ligado em despropósitos.

Quis montar os alicerces

de uma casa sobre orvalhos.

 

A mãe reparou que o menino

gostava mais do vazio, do que do cheio.

Falava que vazios são maiores e até infinitos.

 

Com o tempo aquele menino

que era cismado e esquisito,

porque gostava de carregar água na peneira.

 

Com o tempo descobriu que

escrever seria o mesmo

que carregar água na peneira.

 

No escrever o menino viu

que era capaz de ser noviça,

monge ou mendigo ao mesmo tempo.

 

O menino aprendeu a usar as palavras.

Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.

E começou a fazer peraltagens.

 

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.

Até fez uma pedra dar flor.

 

A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!

Você vai carregar água na peneira a vida toda.

 

Você vai encher os vazios

com as suas peraltagens,

e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Texto fonte das informações: Gabriela Vilela – MSMT